O governo do Estado e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS) lançaram documentário e exposição virtual sobre a Revolução de 1923. Disponível no site palaciopiratini.rs.gov.br, o material inclui imagens, textos e depoimentos sobre o último grande conflito civil armado a em solo gaúcho.
A Revolução de 1923 foi um movimento deflagrado no Rio Grande do Sul em janeiro daquele ano, sob a liderança de Joaquim Francisco de Assis Brasil, em reação à reeleição de Antônio Augusto Borges de Medeiros para o quinto mandato consecutivo como presidente do Estado (cargo então equivalente ao de governador nos dias de hoje).
Os partidários de Borges de Medeiros eram conhecidos como “ximangos” e identificados pelo uso de um lenço branco no pescoço. Já os aliados de Assis Brasil receberam o apelido de “maragatos”, com lenço vermelho.
Com um saldo superior a mil mortes, a guerra civil se prolongou até dezembro de 1923, com a assinatura do “Pacto de Pedras Altas”. O acordo permitiu a Borges cumprir seu quinto mandato até 1928, mas acabou com a possibilidade de reeleição para o cargo, algo que só voltaria a ser permitido décadas de depois.
Contribuição
De acordo com os realizadores da iniciativa, o objetivo é contribuir para a difusão do conhecimento e estimular novas pesquisas sobre o confronto, responsável por um dos momentos mais sangrentos da história do Brasil. A professora e doutora em História Luciana da Costa de Oliveira, curadora da mostra, destaca:
“Quando trabalhamos com os conflitos do Rio Grande do Sul, a Revolução Farroupilha é absurdamente estudada. O mesmo acontece com a Revolução Federalista [1893-1895]. Quando se chega ao movimento de 1923, parece que se perde um pouco do fôlego. Muitos trabalhos interessantes apareceram, mas o tema é complexo e pouco estudado. Essa revolução ainda pode inquietar pesquisadores para que busquem outras fontes e discussões”.
Exposição
Na mostra “Cenas da 23”, as fotografias apresentadas são dos acervos do do próprio IHGRGS e do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS), instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac).
A curadora Luciana da Costa de Oliveira reforça a ideia de que, além de tornar públicos os registros sobre o tema existentes em Porto Alegre, trata-se de lançar um novo olhar sobre o assunto. Ela selecionou, por exemplo, imagens de mulheres e de outros personagens pouco vistos nos estudos sobre o tema.
“Nossa proposta foi de trazer elementos do cotidiano dessa revolução, capazes de nos mostrar detalhes desse acontecimento histórico e, sobretudo, com destaque aos invisibilizados pela História”, reitera.
Documentário
Intitulado “Revolução de 1923 – 100 anos”, o documentário reúne depoimentos de estudiosos sobre o percurso da Revolução de 1923. A linha do tempo abrange desde seus precedentes até a assinatura do Pacto de Pedras Altas, que pôs fim ao conflito.
Participam o jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, o presidente do IHGRGS, Miguel Frederico do Espírito Santo, o professor e doutor em História Jefferson Teles Martins e o professor e advogado Ápio Beltrão. Para ilustrar a história, foram utilizadas fotos e trechos do histórico filme “A Revolução no Rio Grande”, gravado por Benjamin Camozato durante o confronto.
(Marcello Campos - Jornal O Sul)